quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Volta

Por vezes vou a minha cidade natal e ouço: volte! Volte porque aqui é sua cidade, volte porque aqui é seu lugar, volte porque é a casa dos seus pais, volte porque é tua casa, volte, volte, volte .... te ajudaremos, te auxiliaremos, nos ouça .... Isso sem contar as profetadas e promessas! Como vivo de promessas cumpridas e não de dívidas, desconsidero a espiritualização da coisa.
Por vezes também, ainda me pego caindo nessa cilada. Não que eles sejam uma cilada, a cidade seja uma cilada, ou ainda as opções lá sejam uma cilada. Eu sou a própria cilada!E quando digo isso, o faço por perceber que me engano de forma tão sutil, que quando consigo assimilar a emboscada em que estou me metendo, pode ser tarde. Nunca tem sido tarde pra rever, tarde que já tenha caído de fato em minha fantasia, mas esse tardio discernimento tem trazido-me as lágrimas, pois na maioria das vezes poderia ter sido evitado. Até que eu amadureça o suficiente, vou assim desabafando e desvencilhando-me das armadilhas que minha alma produz, na tentativa de me levar de volta ao lugar do apego doentio.
Como escrevi ontem sobre rever concepções, novamente me pego pensando nessa difícil, porém, necessária tarefa. E desde segunda-feira fui desafiada nesse sentido ... e os significados a serem trabalhados, pensados, revistos, são: raiz, familia, estrutura, segurança, proteção. Em tese são termos que designam uma zona de conforto fora do normal, e assim o digo, pois não sou adulta o suficiente pra assimilar tudo isso de forma saudável. Acabo metendo os pés num terreno já bem conhecido, mas pouco vivido pela Renata que está sendo gerada!
Quando me refiro a familia, torna-se quase impossível não remeter a minha família. Por mais que tente fugir, é dela mesmo que tenho que falar, que tenho que tratar. Aliás, TENHO não, QUERO! Os amos sobremaneira para continuar levando tão a ferro e fogo, as relações estabelecidas ali.
Pois bem, estou com preguiça de pensar nisso tudo, mas preciso!
O que me faz querer voltar é a magnífica zona de conforto em que muitos seres humanos como eu, sentem-se extremamente bem, felizes, tranqüilos. No entanto, sem me estender demais nesses detalhes já posso afirmar: é uma zona de risco, muito perigosa a quem anseia por novidade de vida, por quem anseia ser alguém na vida, e não na vida do outro, mas na sua própria vida!É um tal de viver de favores que já me sufoca, só de lembrar. Não me refiro aqui apenas a dependência financeira que viver com os pais me submeteria, mas a relação doentia e opressora de satisfaze-los em tudo, com a finalidade de ser aceita, agradável, como a velha Renata, a prometida, a perfeita! Ah essa história já ficou pra trás, e está aí uma prova de que minha concepção de terminalidade se aplica bem quando quero!
Voltando ou não a casa do pai, o que me fará nova será a graça de Deus, me capacitando em inteligência e razão a não entrar em meus velhos e traidores comportamentos, sempre com o fim de ser agradável. Lá ou cá, quero mais é ter saúde e competência pra dia após dia, lutar contra meus terríveis medos, encorajar-me a prosseguir nos sonhos que eu e Deus conhecemos.
Princípios não negocio, não troco, os que ainda me cabem eu levo e já os que não reconheço, ficam pelo caminho. Minha raiz, segurança e proteção vem de Deus. Por mais estabelecida que esteja a estrutura familiar, ouso dizer aqui: gosto de desorganizar algumas coisas, principalmente as que tentam se manter estáticas, perfeitas, silenciosas, pois há tanto a se descobrir, renovar, sonhar!
Minhas concepções do começo do texto estão nesse processo de desordem, a fim de que eu as estabeleça de forma saudável e verdadeira.
Meu gosto pela verdade, esse sim, não abro mão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário